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Após morte de adolescente, dentista explica risco na extração do dente siso

Rapaz era morador de Três Lagoas e morreu após sofrer uma infecção generalizada decorrente da extração

| MSNEWS/GABI CENCIARELLI / CAMPO GRANDE NEWS


Juan passou por três cirurgias, mas não resistiu e morreu nessa quinta-feira (Foto: Reprodução )

Imagine fazer um procedimento considerado comum — como a extração de um dente siso — e acabar perdendo a vida. Foi o que aconteceu com Juan Paraná, jovem de Três Lagoas que morreu no dia em que completaria 20 anos. Ele estava internado havia 15 dias em um hospital de Bauru (SP), onde passou por coma induzido, três cirurgias, traqueostomia e sessões de hemodiálise, após sofrer infecção generalizada decorrente da extração.

Apesar de parecer simples, a retirada do siso é uma cirurgia e, como qualquer procedimento invasivo, envolve riscos. A cirurgiã-dentista Gaya Bertoldo explicou ao Campo Grande News que casos como o de Juan são raros, mas servem de alerta para a importância dos cuidados antes, durante e, principalmente, após a intervenção.

“Toda cirurgia tem seus riscos. O que vai determinar a gravidade é o estado geral de saúde do paciente e o cuidado com cada etapa do processo: antes, durante e depois da extração', afirma Gaya.

Antes da cirurgia - De acordo com a dentista, é fundamental que o profissional avalie o histórico de saúde do paciente, especialmente se houver doenças cardíacas, respiratórias ou uso de medicamentos como anticoagulantes.

“Pacientes que usam esse tipo de remédio, por exemplo, precisam de acompanhamento médico — muitas vezes com o cardiologista — para suspender a medicação no momento certo. O coágulo é essencial para a cicatrização da gengiva e, sem ele, o risco de hemorragia ou infecção aumenta consideravelmente', alerta.

Técnica e esterilização - A qualidade técnica do procedimento também influencia diretamente no sucesso da extração. “É preciso garantir uma cadeia asséptica eficaz para evitar qualquer tipo de contaminação. Além disso, a posição do dente em relação ao nervo deve ser bem avaliada para prevenir complicações, como parestesia (perda de sensibilidade)', detalha Gaya.

Pós-operatório: ponto-chave para evitar complicações

Segundo a dentista, o comportamento do paciente após a cirurgia é determinante. “Mesmo uma cirurgia tecnicamente perfeita pode ter desfecho negativo se não houver os cuidados certos em casa', destaca.

Evitar alimentos muito quentes, não interromper a medicação prescrita e estar atento a sinais como dor persistente e inchaço são atitudes fundamentais.

“O paciente pode colocar tudo a perder se não seguir corretamente as recomendações. Uma infecção local pode evoluir para algo grave, como a infecção generalizada', completa.

Gaya reforça que mortes relacionadas à extração dentária são extremamente raras, mas podem ocorrer em situações de falha no acompanhamento, automedicação ou negligência no pós-operatório.

“Uma cirurgia pode ser perfeita no consultório, mas o paciente precisa fazer a parte dele depois. O cumprimento correto das orientações é o que garante que tudo ocorra bem', conclui.


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