Papa Francisco morre aos 88 anos
Chefe da igreja católica é o 1º papa latino americano a ocupar o cargo e morreu nesta segunda-feira (21)
| NATáLIA OLLIVER / CAMPO GRANDE NEWS
O mundo se despede nesta segunda-feira (21) do Papa Francisco, ou Jorge Mario Bergoglio, primeiro líder latino-americano da Igreja Católica. O adeus aconteceu aos 88 anos. As informações foram confirmadas pelo Vaticano. O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos e ficou marcado pela humildade e defesa dos mais vulneráveis.
Francisco ficou internado por cerca de 40 dias com um quadro de bronquite. A primeira hospitalização ocorreu no início de fevereiro, após o papa apresentar dificuldades para discursar durante audiências religiosas. Ele chegou a admitir publicamente que estava com falta de ar e pediu a um auxiliar que lesse o sermão por ele.
No dia 14 de fevereiro, foi internado no hospital Agostino Gemelli, em Roma, para exames e tratamento. Mesmo hospitalizado, participou de algumas atividades religiosas. No domingo (16), pediu desculpas por não comparecer à oração dominical na Praça de São Pedro.
No dia seguinte, o Vaticano informou que ele estava com uma infecção polimicrobiana, causada por diferentes microrganismos, e descreveu o estado de saúde como “complexo'. Em novo boletim, foi confirmada uma pneumonia bilateral, condição mais grave que a pneumonia comum, por afetar a respiração e a oxigenação do organismo. O papa recebeu alta após cerca de 40 dias internado.
Até o momento, o Vaticano não divulgou informações sobre o funeral. A escolha do novo pontífice deve ser definida nas próximas semanas.
Relembre a carreira do papa mais abaixo.
Nascido em Buenos Aires, na Argentina, Jorge Mario Bergoglio foi o 266º Papa da Igreja Católica e uma das figuras mais influentes do Vaticano nos últimos tempos. Durante os 12 anos à frente da Igreja, conquistou a admiração de milhões de fiéis ao redor do mundo.
Antes da vida religiosa, ele se formou em Ciências Químicas e trabalhou como técnico por alguns anos. Sua ligação com a Igreja começou ainda jovem, na década de 1950, quando entrou para a Companhia de Jesus. Em 1958 iniciou o noviciado e, dois anos depois, fez seus votos como jesuíta no Chile, comprometendo-se com a pobreza, a castidade e a obediência. Foi ordenado sacerdote em 1969, tornou-se bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992, arcebispo em 1998 e cardeal em 2001.
Em 2013, chegou ao mais alto cargo da Igreja Católica ao ser eleito Papa, após a renúncia histórica de Bento XVI, que alegou não ter mais forças para liderar. Foi a primeira renúncia de um papa em quase 600 anos.
Apesar de ter sido escolhido mesmo contra sua vontade, Francisco sempre fez da fé uma escolha pessoal. Filho de imigrantes italianos, também foi professor de Literatura e sempre teve um jeito simples, bem-humorado e acessível, características que o tornaram popular entre os cardeais e o povo.
Francisco assumiu o papado em um momento delicado, com a Igreja abalada por escândalos de abuso sexual e queda de popularidade. Enfrentou também temas contemporâneos, como os direitos LGBTQIA+ e a inclusão das mulheres na estrutura eclesiástica. Durante seu pontificado, permitiu bênçãos a casais do mesmo sexo, nomeou mulheres para cargos importantes no Vaticano e autorizou que elas participassem com voto nas reuniões do Sínodo dos Bispos. No entanto, foi criticado por não avançar em pontos como a ordenação de mulheres sacerdotes, mantendo a posição tradicional de que apenas homens podem assumir o sacerdócio.
Francisco também se destacou por seus discursos firmes em questões políticas e sociais. Criticou líderes envolvidos em guerras, como Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu, e cobrou responsabilidade da União Europeia diante da crise dos refugiados. Em um dos momentos mais simbólicos de seu papado, rezou sozinho na Praça São Pedro durante a pandemia de Covid-19, quando o mundo inteiro estava em quarentena.
A luta contra a pobreza sempre foi uma prioridade. Ao assumir como Papa, escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, conhecido por sua dedicação aos mais pobres. Seu lema foi “Miserando atque eligendo' — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu'.
Outro marco de seu pontificado foi o início de uma reforma na Cúria Romana, o governo do Vaticano, com foco especial na área econômica e na transparência financeira.