Presidente do Legislativo, João Paulo articula mudança no regimento interno da Câmara para tentar reeleição em Caarapó
| CAARAPONEWS
O presidente da Câmara Municipal de Caarapó, João Paulo Farias (PP), conhecido como “João Paulo do Dinho”, estaria articulando, nos bastidores, uma mudança no regimento interno da Casa de Leis para permitir sua reeleição ao cargo de presidente. A medida é considerada inédita e atualmente proibida pelo regimento do Legislativo caarapoense.
Segundo informações obtidas pelo CaarapoNews, a proposta de João Paulo tem enfrentado resistência entre os vereadores, que o classificam como um presidente “sem pulso” e “submisso ao Poder Executivo”.
“Pautas polêmicas chegam em cima da hora e, antes mesmo de um amplo debate, ele tenta acelerar para colocar em plenário. Muitas delas já geraram desgaste, como o projeto que previa avaliação anual dos servidores concursados do município”, afirmou um vereador, sob anonimato.
Na última semana, o presidente voltou a ser criticado após pautar, sem comunicar os demais vereadores, um novo repasse do município ao Sindicato Rural, tentando acelerar a votação sem tempo hábil para análise nas comissões.
Outro episódio que gerou insatisfação foi o repasse de cerca de R$ 1,5 milhão do duodécimo da Câmara ao Poder Executivo, feito por João Paulo sem consultar os demais parlamentares. O valor foi utilizado para ajudar no pagamento do reajuste anual dos servidores municipais.
“Poderíamos sim devolver recursos, mas deveríamos decidir juntos o destino, como investir em obras do hospital, creches ou pavimentação. Reajuste é obrigação do Executivo arcar”, criticou outro vereador ouvido pela reportagem.
Diante desses episódios, o vereador Sandro Pacheco (PSDB), com apoio dos colegas Flávio Augusto (PP), Celso Capovilla (PL) e Pontinha (PP), protocolou um documento que deve ser incluído na pauta desta segunda-feira (3). O pedido prevê que parte do duodécimo do segundo semestre seja destinada ao Hospital São Mateus, que enfrenta dificuldades financeiras e precisa custear o 13º salário de cerca de 90 funcionários.
Como se não bastasse o desgaste, João Paulo já confidenciou a interlocutores que existe um pedido do Poder Executivo para que o valor mensal do duodécimo seja reduzido em quase 40%, caindo dos atuais 7% do orçamento municipal para algo menor.
“Isso deixaria a Câmara ainda mais dependente do Executivo. Seria o presidente trabalhando para defender os interesses do Executivo, e não do Legislativo”, afirmou outro parlamentar.
Apesar das críticas, João Paulo tem mantido bom relacionamento com o Executivo municipal e é visto com simpatia pela prefeita Lurdes, o que tem alimentado as suspeitas de que o governo local apoie sua tentativa de reeleição.
No entanto, mesmo com o apoio político, o projeto pode enfrentar obstáculos jurídicos e regimentais, já que, caso aprovado, a alteração só teria validade a partir da próxima legislatura.
Nos bastidores, vereadores avaliam que a insistência de João Paulo em se manter no cargo, com o apoio da prefeita e tentando atrair para esse projeto o deputado estadual Zé Teixeira, seu padrinho político, pode gerar forte desgaste político para os três.
“Isso pode provocar uma debandada dos vereadores da base da prefeita e também dos apoiadores do deputado, caso ele tente se perpetuar na presidência”, alertou uma das fontes ouvidas pela reportagem.
Na última eleição municipal, João Paulo foi apenas o nono vereador mais votado, com 502 votos, e chegou à presidência graças a uma articulação entre a prefeita Lurdes e o grupo político do deputado Zé Teixeira. Segundo aliados, o clima interno da Câmara hoje é de insatisfação crescente e resistência à recondução do atual presidente.




