Bando que desviou R$ 1 milhão de Gabigol é preso após golpe em MS
Quadrilha patrocinava funks para ostentar os luxos do crime e atrair novos integrantes
| CORREIO DO ESTADO / MARIANA PIELL
Em operação conjunta da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e da Polícia Civil de Mato Grosso, a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), prendeu na manhã de hoje (26) onze integrantes de uma quadrilha responsável por aplicar um golpe que culminou em prejuízo de R$ 250 mil em uma cooperativa de Campo Grande (MS).
A Operação 'Euterpe' resultou no cumprimento de 8 mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca domiciliar nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande e São José do Rio Claro, todos em Mato Grosso.
O grupo que se autodenominava “Tropa de Cuiabá” atuavam a partir de Mato Grosso, mas cometiam crimes cibernéticos interestaduais, fazendo vítimas em diversos estados.
Além das fraudes eletrônicas, a organização, que possui indícios de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC) também praticava estelionato e lavagem de dinheiro.
Golpe a jogadores
Alguns integrantes da facção já haviam sido alvo de mandados de prisão há cerca de três meses por desviarem salários de jogadores de futebol por meio de golpes financeiros.
Segundo a Polícia Civil, cerca de R$ 1 milhão foram desviados das contas bancárias de jogadores da Série A do campeonato brasileira. Entre os atletas prejudicados estão Gabigol, do Cruzeiro, e Kannemann, do Grêmio.
Na época, cerca de R$ 700 mil em espécie foram encontrados em uma caixa de papelão, em Cuiabá.
Conforme apurado pela polícia, a quadrilha abria contas bancárias no nome dos jogadores utilizando documentos falsos. Com a conta aberta, pediam portabilidade dos salários, que passavam a cair diretamente nas mãos dos golpistas.
Para dificultar o rastreamento da quantia, os criminosos faziam diversas transações, saques e compras assim que o dinheiro caia na conta.
Patrocínio
A Polícia Civil identificou, durante a apuração, que os criminosos patrocinavam músicas de funk para ostentar os lucros dos golpes, narrar detalhes dos crimes e atrair novos integrantes. Por isso o nome 'Euterpe', que faz menção à deusa da música na mitologia grega.
Conforme divulgado pela Polícia Civil, uma das músicas patrocinadas pela quadrilha seria '171 Estelionatário, Golpe do Gabigol', do DJ Helinho com o Mc Juninho da 8.
Na música, são feitas meções diretas à 'Tropa de Cuiabá' e ao golpe aplicado no jogador Gabigol.
'Em Cuiabá é 'nóis' que tá. Um milhão do Gabigol 'conseguimo' até sacar. O malote tá no bolso e o ouro tá no pescoço... A Tropa de Cuiabá tem até carro clonado, 171 estelionatário. A Tropa de Cuiabá tá arrastando pra caralho, 171 estelionatário', menciona um trecho do funk disponível em plataformas digitais como o Spotify.
O DJ Helinho é um dos maiores nomes do funk no Centro-Oeste, sendo um dos responsáveis por popularizar o funk cuiabano no Brasil. Ele é produtor musical de músicas famosas no gênero como o viral 'Ei, Moto Táxi'.
Outras músicas que fazem menção direta aos crimes cometidos pelo grupo são: 'Toma de Estelionatário', do DJ Juninho Original com MC Juninho da 8 e MC K2K; 'Queridin Por Elas', do MC Theus CBA e DJ Oreia CBA; entre outras.
Prisões e apreensões
Durante a operação, foram apreendidos aparelhos telefônicos, dispositivos eletrônicos e chips, que passarão por análise pericial.
Os indivíduos presos foram interrogados e permanecem custodiados na unidade policial em Várzea Grande/MT. Eles podem responder por fraude eletrônica, uso de identidade falsa, falsificação documental, lavagem de dinheiro e organização criminosa, crimes que somados podem ultrapassar os 30 anos de prisão.
As investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos e desarticular totalmente a organização criminosa.




