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DOF apreende helicóptero a serviço do tráfico e mata dois

Aeronave estava em solo, próximo de Amambai. Os dois ocupantes teriam reagido à tentativa de abordagem e acabaram mortos a tiros

| CORREIO DO ESTADO / NERI KASPARY


Helicóptero, avaliado em R$ 3,5 milhões, foi levado da área rural até da sede da Defron, em Dourados

Policiais que integram o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) apreenderam, na tarde desta terça-feira (12) um helicóptero da marca Robinson modelo R44 que supostamente estava a serviço do narcotráfico e mataram dois ocupantes que estavam próximo da aeronave.  

Os militares realizavam um patrulhamento em Amambai, quando receberam a informação de que a aeronave tinha pousado em uma propriedade rural e que, possivelmente, seria utilizada para a prática de crime.

A equipe do DOF foi até o local informado e reuniu-se com uma equipe da Polícia Militar Ambiental que também recebeu a mesma informação. 

Durante diligências no intuito da abordagem de dois homens que estavam próximo ao helicóptero, os militares visualizaram o momento em que ambos correram para a mata próxima ao local do pouso.

Ao adentrarem na mata, segundo nota emitida pela assessoria do DOF, os policiais foram recebidos com disparos de armas de fogo. “Instaurou-se o confronto e os policiais, diante da injusta agressão revidaram, onde a dupla foi atingida e, imediatamente, socorrida até o Hospital Regional de Amambai, onde o médico responsável pelo atendimento atestou o óbito de ambos”, informou a nota da assessoria.

Durante a vistoria no helicóptero, os militares encontraram alguns galões de combustível vazios, além de constatarem a divergência nas informações do prefixo na cauda da aeronave com a plaqueta de identificação. 

Uma viatura guincho da Polícia Militar de Amambai prestou apoio no transporte do helicóptero até a Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), em Dourados, onde as armas de fogo e o helicóptero apreendidos foram entregues. A aeronave foi avaliada em R$ 3,5 milhões.

MOTINHA E ACIDENTES

Embora a polícia não tenha revelado detalhes sobre a propriedade do helicóptero apreendido, este tipo de aeronave tem se notabilizado pelo uso para o transporte de cocaína feito pela quadrilha comandada pelo traficante Antônio Joaquim da Mota, o Motinha, de Ponta Porã. 

Em um período de cerca de três anos, pelo menos sete helicópteros se envolveram em acidentes na região sul do Estado, próximo à fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Além disso, em meados de 2024, Motinha conseguiu fugir, de helicóptero, de um cerco da Polícia Federal. Depois disso, os acidentes envolvendo helicópteros acabaram. 

A série de acidentes envolvendo helicópteros na região sul do Estado começou em 11 de setembro de 2020, quando uma aeronave foi encontrada incendiada em uma fazenda em Iguatemi.

Os investigadores chegaram à conclusão de que os ocupantes colocaram fogo na aeronave depois de fazerem o pouso de emergência. Nenhum ferido foi localizado e os proprietários nunca comunicaram o incidente às autoridades.

Depois disso, em 16 de abril de 2021, um helicóptero fez um pouso forçado no assentamento Itamaraty, em Ponta Porã, depois de bater na fiação da rede de energia de alta tensão. 

Antes de a polícia chegar, o piloto formatou o celular e destruiu o GPS do helicóptero para impedir que os investigadores encontrassem pistas sobre a origem e os proprietários da aeronave. A suspeita da polícia é de que ele voasse baixo para escapar dos radares da Força Aérea Brasileira e por isso atingir a fiação.

Depois disso, no dia 3 de junho de 2021, policiais da região de Nova Andradina e Batayporã apreenderam 250 quilos de cocaína que eram transportados num helicóptero que fez um pouso próximo ao Rio Paraná, já na divisa com o estado de São Paulo. Quatro pessoas foram presas em flagrante por envolvimento com o narcotráfico. 

Meses depois, no dia 20 de outubro, um helicóptero que transportava 246 quilos de cocaína caiu e pegou fogo em uma lavoura em Ponta Porã, a cerca de 35 quilômetros da linha de fronteira com o Paraguai. Os dois ocupantes morreram.

A aeronave não tinha plano de voo, o piloto não era habilitado e voava baixo para fugir dos radares. A mesma aeronave há havia feito pelo menos cinco outros voos na região.

Na semana seguinte, no dia 27, outro helicóptero fez um pouso forçado no município de Batayporã. Ele foi destruído pelo fogo e a investigação apontou que o incêndio foi criminoso para dificultar o trabalho da polícia. Partes da aeronave chegaram a ser desmontadas, indicando que os proprietários tivessem interesse em reutilizar algumas peças, mas depois desistiram e colocaram fogo em tudo. Nenhum ocupante procurou socorro médico ou fez registro sobre o acidente. 

Depois, no dia 9 de fevereiro de 2023, dois ocupantes de um helicóptero morreram do lado paraguaio da fronteira, no departamento de Concepcion, a cerca de 85 quilômetros da fronteira. As vítimas eram um brasileiro e um paraguaio. 

A suspeita é de que a fatalidade tenha ocorrido porque o piloto estava muito baixo e acabou atingindo a rede de energia. E, de acordo com a polícia, a baixa altitude é uma das características de atuação dos narcotraficantes. 

Por último, em agosto de 2023, uma aeronave fez um pouso de emergência no municipio de Navirai, no meio das várzeas às margens do Rio Ivinhema. Dois ocupantes foram resgatados, prestaram depoimento e foram liberados. Posteriormente foi confirmado que o helicóptero estava a serviço do narcotráfico.

12 APREENSÕES

Em nenhuma das sete ocorrências elencadas os investigadores informaram os nomes dos proprietários destas aeronaves, que podem ter custo da ordem R$ 5 milhões.

Porém, em operações da PF no dia 30 de junho e 11 de maio do ano passado, a instituição informou que a quadrilha comandada pelo sul-mato-grossense Antônio Joaquim da Mota, o Motinha, é especializada no uso de helicópteros para o transporte de cocaína

Informou, ainda, que em menos de três anos apreendeu 12 aeronaves pertencentes ao grupo comandado por Motinha, que segue foragido. 


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