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Um peixe demonstrou que ter febre é muito útil

| MáRIO SéRGIO LORENZETTO


Há 600 milhões de anos, quando a evolução estava sendo cozinhada velozmente, alguns dos primeiros animais tiveram febre. Descobriram que, quando estavam se sentindo mal, podiam aliviar seu mal estar migrando para lugares mais quentes. Hoje se sabe que esse aumento de temperatura melhora o metabolismo, otimiza a função imunológica e reduz o crescimento de microrganismo que nos adoecem. A estratégia corporal deles teve tanto êxito, que os animais de sangue frio, como peixes ou lagartos, aprenderam a procurar águas quentes ou passando mais tempo sob sol forte.

Surgem os animais de sangue quente. Quando apareceram os animais de sangue quente, muito tempo depois, esse sistema calórico de defesa voltou a aparecer, mas nesse caso sem necessidade de empreender migrações, porque essas espécies, como os humanos, podem regular sua temperatura interna, aquecendo e esfriando seu corpo.

A pesquisa dos chineses no Egito. Por muito tempo tivemos dúvidas sobre o papel da febre, do aquecimento corporal. Fazia bem ou nos matava? A imensa maioria dos médicos e cientistas acredita que ter febre é um eficiente sistema de defesa de nosso corpo, mas a duvida ainda permanecia. Há poucos dias, a “PNAS', uma importante revista cientifica, publicou uma pesquisa realizada por universidades chinesas no Egito, utilizando a “Tilápia do Nilo' para compreender porque a febre nos ajuda quando sofremos uma infecção. A pesquisa também confirmou que essa estratégia de sobrevivência surgiu há milhões de anos.

A tilápia infectada. Nesse experimento, os cientistas observaram que as tilápias que se infectam com a bactéria “Edwardsiella piscicida' se movem, durante cinco dias, para uma região com temperatura maior. Esse comportamento, desencadeou uma série de mudanças em seu organismo que ajudaram a combater a bactéria. Verificaram que ocorreu a redução de uma enzima que destroem os linfócitos T, aqueles que coordenam o ataque às bactérias, permitindo às tilápias viver mais tempo. Tal como os humanos, as tilápias, quando tem febre, perdem a fome e passam a se sentir letárgicas. Assim, o peixe deixa de comer e, como sucede com os humanos que fazem jejum, seu organismo ativa a autofagia celular, um tipo de reciclagem que descarta células e libera energia para responder melhor à infecção.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.


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