Lula tenta ganhar classe média com isenção do Imposto de Renda e MCMV
Presidente tenta reverter a baixa popularidade com a apresentação de mudanças que atingem, em especial, a classe média
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha em medidas a fim de aumentar sua popularidade junto ao eleitorado que compõe a classe média, com renda domiciliar per capita entre R$ 1.926 e R$ 8.303 por mês. A última proposta do governo foi o envio de projeto de lei ao Congresso Nacional que amplia isenção do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) para o trabalhador que recebe até R$ 5 mil mensais.
O presidente Lula busca melhorar a popularidade do governo junto à classe média de olho na eleição de 2026. Pesquisa Genial/Quaest de janeiro mostra 48% de aprovação e 54% de desaprovação da gestão entre quem ganha dois a cinco salários mínimos.
Ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Expansão do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
A pesquisa Genial/Quaest de janeiro mostra que a aprovação do governo Lula permanece em 48% entre o eleitorado que ganha entre dois e cinco salários mínimos, hoje cotado a R$ 1.518. Já a desaprovação da gestão petista atingiu os 54% desse mesmo público.
A isenção do Imposto de Renda é uma promessa de campanha do governo Lula e foi entregue ao Congresso Nacional em um momento em que a gestão tenta melhorar o cenário de avaliação de olho na reeleição de 2026.
A proposta do Palácio do Planalto tem como objetivo isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês. Para compensar a perda arrecadatória, o governo prevê taxar aqueles que possuem altas rendas e os dividendos no exterior. Dessa forma, quem ganha acima de R$ 50 mil por mês terá que pagar imposto mínimo de até 10%.
Veja como será a redução proposta pelo governo em relação ao modelo atual:
Minha Casa, Minha Vida
O Orçamento de 2025, aprovado na semana passada pelo Congresso, conta com aumento do valor destinado para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV) de R$ 18 bilhões. Esse montante é destinado para ampliação da faixa beneficiada pelo programa, para atender famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
Atualmente, a última faixa do programa beneficia famílias com renda bruta de R$ 4.400,01 até R$ 8 mil, com taxa nominal de 8,16% ao ano. Vale pontuar que o valor máximo para o imóvel deve ser de R$ 350 mil.
Confira as faixas do Minha Casa, Minha Vida:
Tiago Valenciano, cientista político e doutor em sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), explicou ao Metrópoles que ambas as medidas adotadas pelo governo têm como foco a reeleição de Lula. Ele pontuou ainda que a gestão petista precisa focar mais a comunicação, para que a população entenda as propostas e isso possa se reverter em votos para o titular do Planalto.
“Ambas as propostas surgem no sentido de melhorar a imagem do governo perante o eleitor da classe média e de centro: é ele quem vai decidir as eleições no fim das contas”, afirma Valenciano.
“Melhorar a comunicação como um todo, porque, mesmo com a troca do Secretaria de Comunicação, a melhoria ainda não é perceptível”, complementa o cientista político.
Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília, ressaltou a importância de o governo tratar a ampliação do imposto de renda com cautela, uma vez demonstrada a necessidade de respeitar o arcabouço fiscal.
“A recomposição dessa arrecadação, naturalmente poderíamos lembrar que o caminho mais objetivo seria a contenção dos gastos públicos. E é isso que a gente percebe que o governo vem relutando muito, até porque ele tem seus objetivos, e agora entramos, ainda, num processo de sucessão presidencial, onde fica claro que o governo busca melhorar a sua popularidade”, disse o professor do Ibmec.
A proposta do IR já foi enviada à Câmara dos Deputados, onde irá começar a tramitar – no entanto, não tem data para ser votada nem se sabe como será a análise do processo dentro da Casa Legislativa.