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MS segue entre os estados mais perigosos para mulheres no Brasil

Governo atribui o número aos registros com qualificadoras corretas, o que não ocorre em muitos estados

| GUILHERME CORREIA / CAMPO GRANDE NEWS


Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos, foi assassinada no Bairro Aero Rancho.

Mato Grosso do Sul registrou a segunda maior taxa de feminicídios do Brasil em 2024, conforme dados oficiais das Secretarias Estaduais de Segurança, analisados com base na população do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Somente em fevereiro deste ano, ao menos seis feminicídios foram registrados em Mato Grosso do Sul, sendo que dois dos casos envolveram vítimas indígenas.

Mato Grosso do Sul é o segundo estado mais perigoso para mulheres no Brasil em 2024, com uma taxa de 1,27 feminicídios por 100 mil habitantes, atrás apenas de Mato Grosso. O caso da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo em Campo Grande, destacou a gravidade da situação. Vanessa havia solicitado medida protetiva antes de ser morta. O crime chocou o país e evidenciou a vulnerabilidade das mulheres na região Centro-Oeste. Em fevereiro, cinco feminicídios foram registrados no estado, incluindo casos de vítimas indígenas.

Com 35 vítimas no ano, o Estado registrou taxa de 1,27 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Mato Grosso, que lidera o ranking com taxa de 1,28 e 47 vítimas.

Os números analisados pelo Campo Grande News evidenciam a vulnerabilidade das mulheres na região Centro-Oeste, onde se concentram os dois estados com as maiores taxas de feminicídio.

O Piauí aparece em terceiro lugar, com taxa de 1,22 e 40 vítimas, seguido por Roraima (1,10 e 7 vítimas) e Maranhão e Espírito Santo, ambos com taxa de 1,02 e 69 e 39 vítimas, respectivamente.

Outros estados com números preocupantes são Paraná, com taxa de 0,95 e 109 feminicídios, além de Pernambuco, que registrou 77 casos e taxa de 0,85. No Distrito Federal, foram 23 vítimas (taxa de 0,82), enquanto em Goiás, com 57 mortes, a taxa foi de 0,81.

Já os estados com menores índices incluem Amapá, que registrou apenas dois feminicídios e apresenta a menor taxa do Brasil (0,27), seguido por Sergipe (0,45 e 10 vítimas) e Ceará (0,47 e 41 vítimas). São Paulo, estado mais populoso do país, teve 253 feminicídios, mas a taxa é relativamente baixa, de 0,57.

Secretaria da Cidadania - Por meio de nota, a Secretaria da Cidadania disse que Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros que, desde a promulgação da Lei nº 13.104 (que inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos), tem tipificado e notificado de forma correta os crimes de feminicídio e violência contra as mulheres.

Isso significa, conforme o texto, que com maior número de registros e qualificadoras corretas, os índices colocam o Estado nas primeiras posições. Quanto à concentração com maiores índices de feminicídio na região Centro-Oeste, isso indica fatores estruturais e culturais que precisam ser analisados e enfrentados.

'Diante disso, temos implementado políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher, reforçando ações de prevenção e com uma análise minuciosa da rede de atendimento às mulheres vítimas de violência.  Ampliando a rede de proteção, melhorando a interação entre os poderes e modernizando as estruturas existentes'.

A secretaria cita, como exemplo, o Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência), que ampliou os serviços de enfrentamento à violência de gênero em diversas dimensões, atuando com as crianças e adolescentes que também são impactados cognitiva e emocionalmente por presenciarem situações de violência doméstica em seus lares.

Caso Vanessa - O feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte teve repercussão nacional. AEla foi assassinada pelo ex-noivo, Caio César Nascimento Pereira, em 12 de fevereiro de 2025, em Campo Grande, após solicitar medida protetiva contra ele.

O crime ocorreu enquanto Vanessa tentava retirar seus pertences da casa onde moravam. Ela foi esfaqueada três vezes no coração e morreu no local. Antes, a caminho da morte, Vanessa enviou áudio a um amigo reclamando da forma como foi tratada na Delegacia da Mulher. O caso levou a formação de grupo de trabalho para reformular protocolos de atendimento e discutir políticas contra o feminicídio.

Mas ontem, mais um caso foi registrado em Mato Grosso do Sul. Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos., foi morta a pedradas e queimada no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Foi o 6º em menos de 30 dias.


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