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Em pior nível da história, Rio Paraguai chega a 69 cm negativos em Ladário

Previsão do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) para o trimestre de outubro a dezembro tem notícias pouco animadoras

| MIDIAMAX/PRISCILLA PERES


Rio Paraguai – Foto ilustrativa (Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)

O nível do Rio Paraguai nunca foi tão baixo. Ao menos nos últimos 124 anos, desde que a medição começou a ser feita, em 1900. No dia 8 de outubro deste ano, o recorde de 1.964 foi atingido e desde então a situação tem piorado, chegando a 69 centímetros abaixo da cota zero no dia 18 de outubro.

Os dados são da Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que monitora o nível dos rios do Estado. O órgão emitiu alerta no começo do mês para a situação de seca no rio Paraguai. Pela primeira vez, este ano, a ANA (Agência Nacional das Águas) decretou escassez hídrica na bacia do Rio Paraguai.

A régua de Ladário é usada como referência por pesquisadores do Pantanal, mas os dados do Imasul mostram que em todos os pontos monitorados do Rio Paraguai, a situação é de escassez grave. A falta de chuvas significativas é o principal motivo para que a estiagem avance de maneira tão grave.

Clima influencia no nível do rio

O fim de semana deve ser de chuvas em Mato Grosso do Sul, o que pode minimizar de forma bem pouco significativa o nível do Rio Paraguai. Sem cheia considerável esse ano, o solo está seco e é necessário um período de chuva boa para impactar positivamente no nível do rio.

Previsão do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) para o trimestre de outubro a dezembro tem notícias pouco animadoras. Deve chover bem no período, mas o calor deve permanecer acima da média.

Climatologicamente, em grande parte do Estado, as chuvas variam entre 500 a 700 mm. Na região do extremo nordeste, as chuvas variam entre 700 a 800 mm no trimestre. Dessa forma, a chuva deve ficar dentro da média histórica.

Porém, a tendência climática indica que a temperatura do ar deve permanecer acima da média para o período, ou seja, há previsão de um trimestre mais quente que o normal em Mato Grosso do Sul.

As chuvas podem ser influenciadas pelo La Ninã, porém a previsão de alerta e atenção para incêndios florestais continua.

Pode ser o fim do Pantanal?

Em entrevista ao Estadão, o climatologista Carlos Nobre disse que está assustado com a rapidez com que as mudanças climáticas avançam e acha que o Pantanal deve acabar até 2070. As afirmações são alarmantes e junto com o cenário enfrentado em 2024, nos fazem imaginar o futuro nessas condições.

Para entender sobre o possível fim do Pantanal precisamos relembrar qual a principal característica do bioma. A água. O Pantanal é uma planície alagável, formada por várias lagoas e com um regime de chuvas e secas historicamente bem definido. Porém, em 2024 o bioma está seco, sem cheia, sem lagoas, sem navegação e com muito fogo. Conforme os ambientalistas, este é um exemplo de como o Pantanal pode acabar.

As mudanças climáticas levaram o Brasil a vivenciar, em 2024, a pior seca de sua história. Não houve período de cheia, o Rio Paraguai atinge níveis extremamente baixos e os incêndios se alastram por Mato Grosso do Sul, na contramão de tudo o que o bioma representa.

 


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