Eduardo Riedel apressa negociações para garantir a retomada da UFN3 até 2026
Auditoria na indústria de Três Lagoas será entregue no primeiro trimestre do ano que vem e a licitação deve ocorrer em junho
| CORREIO DO ESTADO /SúZAN BENITES E EDUARDO MIRANDA
Em mais um capítulo da “novela” para a conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), os governos estadual e federal se unem para agilizar a retomada da obra. O governador Eduardo Riedel (PSDB) e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, estiveram na sede da Petrobras para definir os próximos passos da ativação da fábrica de fertilizantes.
Conforme apurou o Correio do Estado, a due diligence (processo de auditoria) realizada pela estatal para definir investimentos, cronograma e os detalhes sobre a retomada da construção da fábrica de Três Lagoas será entregue à Petrobras no primeiro trimestre de 2025. Já a licitação para a retomada da UFN3 só deve ser aberta em junho ou julho do ano que vem.
A reportagem obteve as informações com fontes envolvidas no processo. É importante ressaltar que a Petrobras não divulga os detalhes das tratativas que envolvem a indústria, por ser uma sociedade anônima de capital aberto.
Inicialmente, o plano era de que as obras fossem finalizadas até 2026, antes do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governador de Mato Grosso do Sul. Entretanto, considerando que o período de construção deve levar entre 12 e 18 meses, o prazo já começa a ficar apertado. A tentativa é para, pelo menos, dar início à construção antes do fim dos mandatos.
ENCONTRO
Na segunda-feira, Eduardo Riedel, Simone Tebet, o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, e a diretora-presidente da Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás), Cristiane Schmidt, reuniram-se com a presidente da estatal, Magda Chambriard, no Rio de Janeiro (RJ).
Conforme o Executivo estadual, no encontro foram tratadas as principais questões envolvendo a UFN3 e discutido o andamento da situação da fábrica, que deve ter os próximos passos para sua retomada anunciados nos próximos meses pela companhia.
“Aqui nós discutimos as questões relacionadas à UFN3, e foi importante ver que o cronograma anunciado lá atrás está mantido, seguindo todos os ritos, que é ir para o Conselho de Administração para aprovar a licitação do início das obras”, informou Riedel.
O governador disse que as notícias recebidas na visita são importantes para “avançar naquilo que é uma mudança estrutural para Mato Grosso do Sul e para o Centro-Oeste no que diz respeito aos fertilizantes”.
Foi a primeira conversa feita pessoalmente entre o Executivo de Mato Grosso do Sul e a nova presidência da estatal. “Estou muito feliz que a Magda, enquanto presidente da Petrobras, tem consciência da importância dessa fábrica não só para Três Lagoas e MS, mas para todo o Brasil. O cronograma está mantido”, considera Simone.
O governador e a ministra aproveitaram a oportunidade para convidar a presidente da estatal para realizar até fevereiro do ano que vem, junto a sua diretoria, uma visita à futura unidade de produção de fertilizantes.
“Em breve teremos boas notícias”, concluiu a ministra Simone Tebet. O término da fábrica beneficiará não apenas o Estado, mas todo o País. A unidade será capaz de produzir 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia por dia, reduzindo, dessa forma, a dependência do Brasil de importação dos fertilizantes nitrogenados. Somente com a ativação da fábrica de Três Lagoas, seria possível reduzir entre 15% e 30% a importação dos adubos nitrogenados.
HISTÓRICO
A construção da UFN3 teve início em 2011, mas as obras foram interrompidas em 2014, por conta de envolvimentos de integrantes do consórcio em casos de corrupção. Naquele ponto, a construção estava cerca de 80% concluída.
O processo para vender a fábrica de fertilizantes começou em 2018, que incluiu também a Araucária Nitrogenados (Ansa), localizada em Curitiba (PR). A venda conjunta tornou a concretização do negócio inviável.
Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron chegou a um acordo para adquirir a unidade, mas a crise na Bolívia impediu a finalização do negócio. Já em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou uma nova oportunidade de venda. No entanto, as negociações foram retomadas somente no início de 2022, com o mesmo grupo russo.
Em 28 de abril de 2022, a Petrobras anunciou que a venda da fábrica para o grupo Acron não havia sido concluída. Ainda em 2022, a Petrobras relançou a oferta de venda da fábrica ao mercado.
Finalmente, em 24 de janeiro de 2023, a estatal declarou o encerramento do processo de comercialização da unidade, gerando expectativas para o reinício das obras. A fábrica de Três Lagoas deve receber aporte de, pelo menos, R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para sua conclusão.