Moradores de Bonito voltam a sentir tremores e relatam preocupação com explosões
"Essas explosões e o desmatamento podem estar anunciando uma grande tragédia", lamenta moradores
| KAMILA ALCâNTARA / CAMPO GRANDE NEWS
Moradores de Bonito, Mato Grosso do Sul, relataram novos tremores de terra na tarde desta terça-feira (1). Os impactos foram sentidos em diversos pontos da cidade, tanto na área central quanto em bairros periféricos, causando preocupação na população local. A comunidade suspeita que as vibrações estejam relacionadas às atividades da mineradora Calluz. No mês anterior, o Serviço Geológico do Brasil confirmou um terremoto de magnitude 1.7 na escala Richter na região. Moradores cobram maior fiscalização das atividades mineradoras, especialmente quanto ao uso de explosivos e impactos ambientais na Serra da Bodoquena.
De acordo com o guia de turimos, de 32 anos, ele estava no supermercado no momento do tremor e conta que a sensação foi semelhante a um episódio recente. “Foi tão forte quanto a do mês passado. Eu estava no mercado, no caixa, e senti o tremor. Deu para confundir até com uma batida na frente do supermercado. É preocupante, porque isso não é normal', disse.
Ele afirma que cresceu convivendo com a presença de mineradoras na região, mas que a situação tem se intensificado. “Sempre teve mineração, mas agora está aumentando muito. Algumas empresas já abriram e outras estão sendo pesquisadas. Acredito que o órgão ambiental e a prefeitura precisam verificar a quantidade de explosivos usada. Está exagerado', completa
Outra moradora, a guia de turismo e bióloga, de 56 anos, mora na parte baixa da cidade, perto da saída para a MS-21, e relatou ter sentido três explosões em sequência. “Foi como quando um raio cai perto da gente, senti a terra vibrar. Achei até que fosse um raio, mas logo vi os comentários no grupo', disse, referindo-se ao grupo “Unidos da Serra da Bodoquena', onde moradores trocam informações sobre os tremores.
Para ela, a situação é alarmante. “Bonito é uma região de relevo cárstico, como um queijo suíço, cheio de buracos. Essas explosões e o desmatamento podem estar anunciando uma grande tragédia. A ganância está acabando com nossa fauna, nossas florestas e, daqui a pouco, com nossas vidas'.
A cidade já havia registrado tremores no mês passado. Na ocasião, o Serviço Geológico do Brasil confirmou que o terremoto foi de magnitude 1.7 na escala Richter, o décimo registrado no Estado em 2025. Os moradores suspeitam que as explosões estejam relacionadas à atividade da mineradora Calluz, que atua na região e, segundo denúncias, não apresentou Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no processo de licenciamento.
Para reportagem, na época, a Polícia Militar Ambiental informou que as empresas de mineração na região possuem licença para realizar explosões e que estudos haviam sido feitos. No entanto, moradores seguem cobrando mais fiscalização.
Sobre os tremores de hoje, a reportagem entrou em contato com a empresa pelo telefone disponível, com ligação e mensagens, mas ainda não houve retorno. O espaço está aberto para esclarecimentos.