Deputados federais de direita falam em perseguição após Bolsonaro virar réu no STF
Rodolfo Nogueira (PL), Marcos Pollon (PL) e Luiz Ovando (PP) usaram as redes sociais para protestar contra a decisão da Corte
| MIDIAMAX/MARCUS MOURA
Deputados federais de direita reagiram nas redes sociais após o STF (Supremo Tribunal Federal), por unanimidade, tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado. Segundo a denúncia da PGR (Procuradoria Geral da República), o ex-presidente e os denunciados fizeram parte do núcleo central de uma suposta organização criminosa que teria atentado contra a democracia.
Para o deputado federal Luiz Ovando (PP), Bolsonaro vive uma perseguição política. O julgamento no STF seria fruto de um “lamentável cenário de distorção jurídica e perseguição política que vivemos no Brasil“.
“A acusação, baseada em um suposto plano de golpe de Estado, não se sustenta diante dos fatos, mas serve ao propósito evidente de eliminar uma liderança que despertou o senso cívico e patriótico da nação', diz Ovando.
O progressista afirma que acredita na Inocência do ex-presidente, defende anistia ampla e irrestrita aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e diz que a justiça não pode ser usada como ferramenta de vingança.
“Reforço ainda que o vandalismo deve ser punido dentro dos critérios de proporcionalidade e respeito ao devido processo legal. No entanto, o que estamos assistindo não é a busca por justiça, mas uma tentativa clara de criminalizar adversários e silenciar vozes conservadoras.'
Já o deputado Marcos Pollon (PL) fez duas postagens após a segunda sessão do julgamento, criticando a decisão da primeira turma do STF. “Circo total, um teatro nojento. Já que o intocável (em referência ao ministro Alexandre de Moraes) não gosta que você divulgue a verdade, compartilhe ao máximo essa vergonha, isso não pode passar batido', escreveu em postagem de vídeo com cortes dos votos dos ministros.
Em outra postagem, com trecho do discurso realizado por Bolsonaro após o final da segunda sessão do julgamento de admissibilidade das denúncias, Pollon questiona a atuação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) durante as eleições de 2022. No vídeo, Bolsonaro acusa a Corte de ter “favorecido' o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Perseguição! Essa é a realidade do que vem acontecendo há anos no Brasil! Não podemos recuar, desistir não é uma opção', escreveu Pollon.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL) acompanhou o ex-presidente durante o segundo dia de julgamento, que ele chamou de “perseguição'. Antes do início da sessão, o deputado compartilhou sua presença ao lado de seu líder político, destacando uma passagem bíblica: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito para te guardarem em todos os teus caminhos'.
Após a decisão, Nogueira compartilhou um trecho do discurso de Bolsonaro. No vídeo, o ex-presidente cobra a liberação do inquérito 1361/2018, que trata de uma suposta interferência nas eleições de 2018, quando Bolsonaro se elegeu presidente. Na sequência, o deputado fez uma postagem chamando o julgamento de “Jogo de Cartas Marcadas'.
“Os cinco ministros que aceitaram a denúncia do PGR do Lula, e suas ligações com o PT. Ao aceitar a denúncia da PGR contra Bolsonaro, o STF fortalece uma narrativa infundada e visivelmente ideológica, que visa apenas criminalizar qualquer oposição a este desgoverno, buscando deslegitimar a defesa das liberdades democráticas', finaliza.
Bolsonaro pode ser preso? Entenda o que acontece após ex-presidente e mais 7 virarem réus
O STF (Supremo Tribunal federal) tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete denunciados por tentativa de golpe de Estado. A decisão tomada nesta quarta-feira (26) foi unânime, com cinco votos a favor e nenhum contra. No entanto, ainda há algumas questões para absolver ou condenar os réus.
Após a definição, será instaurada agora a ação penal, que dá início a vários trâmites e audiências. Serão ouvidas testemunhas de defesa dos réus e de acusação.
Segundo a advogada criminal e doutora em Direito Penal, Ilana Martins, cada acusado tem direito a oito testemunhas por crime. Como os réus irão responder por cinco crimes, terão limite máximo de 40 testemunhas por acusado.
“Vai ser oportunizada uma nova defesa, defesa escrita, que serve para indicar testemunhas, mas é praxe aproveitar para tratar de outras questões e aí pode ser que sejam reprisadas algumas questões debatidas no julgamento, ou outras novas que a defesa entender pertinentes', disse em entrevista à CNN.
Após isso, serão realizadas audiências e, por último, é aberto um prazo para os advogados se manifestarem sobre alguma questão que possa surgir.
Ao final do julgamento, os réus são absolvidos ou condenados, com penas definidas pelos ministros. Se for condenado, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode pegar até 39 anos de prisão, com base especialistas consultados pela CNN antes do julgamento.