Uso da internet via satélite dispara em MS
Provedores Starlink e Hughes já são líderes de mercado em 20% dos municípios do Estado; participação deve crescer
| CORREIO DO ESTADO / EDUARDO MIRANDA
A crescente demanda por conectividade de alta velocidade em regiões remotas fez com que o uso da internet via satélite disparasse no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Um termômetro do avanço desse serviço no Estado está no total de municípios em que os provedores Starlink, do bilionário Elon Musk, e Hughes (empresa norte-americana que inventou o satélite de comunicação) dominam o mercado: 16 dos 79.
Apesar de liderarem em 16 municípios de Mato Grosso do Sul (20% das cidades), essas duas empresas e a Via Sat têm clientes nos 79 municípios. O perfil do usuário agora está muito além de fazendeiros ou engenheiros que correm todo o Estado. Há muita gente comprando essas antenas também para melhorar a conectividade na zona urbana, uma vez que as grandes empresas de telefonia não demonstram interesse por ampliar a rede de fibra ótica nos pequenos municípios.
Em Jaraguari, por exemplo, município distante 40 quilômetros de Campo Grande, os provedores de internet via satélite respondem por nada menos que 81% dos serviços contratados na cidade.
Em Rio Negro, 66% das conexões já são via satélite. Em Inocência, onde a Hughes lidera com 53% dos clientes e a Starlink tem uma fatia 33,6% do mercado da cidade, 89,48% dos clientes de internet têm a conexão fornecida pelo satélite.
Em todo o Estado, já são 21 mil clientes dessas empresas, e na capital, Campo Grande, onde as teles e empresas menores de banda larga, chamadas de competitivas, já estão consolidadas, a Starlink já aparece na sétima posição na divisão do mercado, com 1,79 mil clientes de um mercado de 325 mil, liderado pela Claro e seguido pela DigitalNet.
No Brasil, já são 564 mil clientes de internet via satélite. Só no ano passado, a carteira de clientes da Starlink, da Hughes e da Via Sat cresceu 40%, puxada pela empresa do bilionário – e agora conselheiro de Donald Trump – Elon Musk.
As 21 mil conexões de Mato Grosso do Sul faz o Estado ser o nono colocado entre as 27 unidades federativas em conexões via satélite, atrás de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná e empatado com o Rio de Janeiro.
Impulso
A conexão via satélite ganhou impulso no mundo todo após o crescimento da Starlink, que utiliza um sistema inovador de conexão via satélite chamado de Constelação. É o resultado da combinação de vários satélites em baixa órbita que atuam em grupo e permitem ao usuário navegar na internet com maior velocidade e menor latência em relação ao modelo tradicional de satélites geoestacionários, que por ficarem em um ponto fixo, mais distantes da Terra, exigem maior tempo de resposta entre um clique e o efeito esperado.
Conforme a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o País já tem 66 empresas autorizadas a atuar no mercado de internet via satélite. Há 17 sistemas de Constelação (com milhares de satélites) autorizados, dos quais apenas nove estão em operação. Além disso, há 48 unidades geoestacionárias autorizadas e em funcionamento no Brasil.
A maioria dos usuários da internet via satélite no Brasil são pessoas físicas, e a competição nesse mercado tende a aumentar com a chegada de mais multinacionais ao Brasil.
A Anatel autorizou recentemente o funcionamento da E-Space Africa, de Ruanda, e da Myriota, da Austrália. Ainda analisa o pedido da Starlink para mobilizar mais satélites para o serviço brasileiro, todos em baixa órbita. A chinesa SpaceSail assinou memorando de entendimento com a estatal brasileira Telebras para iniciar a atuação no segmento.
A Vrio, que atua com a marca Sky, selou parceria com a Amazon, de Jeff Bezos. A Anatel estipula que o prazo máximo para entrada em operação é até 20 de junho.