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Procurador fará novas diligências para investigar presidente do PL em MS

| INVESTIGAMS/WENDELL REIS


O presidente estadual do Partido Liberal (PL) em Mato Grosso do Sul, Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela, não está entre os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Entretanto, na peça acusatória, o procurador Paulo Gonet deixou claro que ele ainda pode responder.

“A participação de Aparecido Portela na organização criminosa será objeto de diligências complementares', ponderou Gonet, na peça que denunciou Jair Bolsonaro e mais 33 por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

A investigação da Polícia Federal apontou que Mauro Cid também atuou na interlocução entre o governo de Bolsonaro e financiadores das manifestações antidemocráticas.

“Em 26.12.2022, o interlocutor Aparecido Andrade Portela indagou a Mauro Cid: “o pessoal que colaborou com a carne, estão me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco, pois estão colocando em dúvida a minha solicitação', indaga Portela. 

Na avaliação do procurador, a mensagem demonstra  que existia a expectativa de novos acontecimentos, que poderiam ensejar a descontinuidade da ordem democrática.

No entendimento da procuradoria, na resposta, Mauro Cid fomentou a esperança de Portela, relevando que a expressão “churrasco' era o codinome utilizado para o golpe de Estado. “ponto de honra! Nada está acabado ainda da nossa parte. Se quiser eu falo com eles… para tirar da sua conta', respondeu Cid.

Indiciado pela PF

Portela foi um dos indiciados pela Polícia Federal Segundo a investigação, Portela atuou como intermediário entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os financiadores das manifestações antidemocráticas, visitando o Palácio por 13 vezes no período.

Portela ficou em silêncio no depoimento à Polícia federal, que apresentou vários diálogos dele com Mauro Cid, delator da investigação . 

“Os elementos de prova indicam que PORTELA atuou como um intermediário entre o governo do presidente JAIR BOLSONARO e financiadores das manifestações antidemocráticas residentes no estado do Mato Grosso do Sul. No final do ano, PORTELA era um frequentador assíduo do Palácio da Alvorada, visitando o então presidente da República constantemente', diz relatório da Polícia Federal.

Nos diálogos, Tenente Portela cobra a “realização de um churrasco', que seria o codinome usado para se referir ao golpe de Estado. 

“Cel., o pessoal esta em cima de mim aqui, infelizmente vou ter que devolver a parte desse pessoal, minha vida esta um inferno. Se eu tivesse como arcar parcelado, mas estou sem cargo nenhum aqui e sem previsão de conseguir algo. Tentei pegar um consig. mas estou sem margem alguma. A cobrança ta grande (SIC)', reclama.

Mauro Cid diz que tudo está de pé ainda e avisa que se preciso conversa com o pessoal para tirar “da conta dele' essa questão.

Acusação contra Tereza

A polícia vazou um áudio onde Portela diz a Bolsonaro que está sendo perseguido por colegas de partido e pela senadora Tereza Cristina (PP), de quem é suplente.

Portela, que nem era da política quando foi colocado, à contragosto, como suplente de Tereza, acusa a senadora de perseguição.

“Eu tinha uma filha que trabalhava no Estado, a Tereza tirou. A Tereza persegue mesmo, mas tá bom…Faz parte da política… Agora, o que eles não podem é partir pra humilhação. E e o que estão fazendo é humilhação. E ai eu nao aceito, prefiro ficar fora. Entendeu?', diz parte do áudio.

Na transcrição não há detalhes sobre outros motivos da reclamação, mas Portela diz que algo está tendo repercussão dentro do PL e chega a declarar que se quiserem podem até expulsá-lo do partido ou que vai pedir desfiliação e até renunciar à suplência.

Portela afirma ainda que está apanhando da senadora Tereza e do PL porque foi colocado como suplente.

“Então, aqui é: apanha, apanha de um, apanha do outro lado, apanha, apanha de Rodolfo, apanha do Coronel David, apanha de Neno Razuk, apanha de Pollon, apanha do grupo da Teresa Cristina. Tenho apanhado. Eu tenho ficado quieto em casa. Entendeu? Mas tem hora que não dá, porque partem pra humilhação. Que eu tinha ido lá até na prefeita, a troco de de serviço. Eu fico no cabo do Guatanou, né? Só me desculpa que a gente tambem é ser humano e emotiva né? E, é, já tem. Já tem uns problema. Não, não quero prejudicar ninguém, ninguém, prefiro sair do que prejudicar qualquer pessoa', reclama.

Portela acusa companheiros de ficarem inventando coisas que ele não fez e ressalta desemprego. “Eu to desempregado? Tô, mas to trabalhando na minha chácara. Então, essas coisas…'.

Bolsonaro ignora as reclamações e pede pra Portela não renunciar ao posto que ele deu. “Nunca fale em renunciar ao cargo de suplente. Deixe um pouco a política de lado. Vá pescar'.


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