Para quem tem Opala desde 1998, novidade da Chevrolet dá medo
Com os 100 anos da marca no Brasil, burburinho é de que carros icônicos sejam restaurados pela GM
| ALETHEYA ALVES / CAMPO GRANDE NEWS
Após 27 anos com seu Opala 1974, Nilson Socorro ficou em um misto de curiosidade e medo com os burburinhos sobre a GM Motors restaurar modelos icônicos do passado para a comemoração do centenário da Volkswagen Brasil. Isso porque dividindo a vida com o carro, ele aprendeu cada detalhe da máquina e pensar que esse retorno pode trazer novidades garante um frio na barriga.
“Se eles restaurarem, por exemplo, o Opala e a Caravan, deixando como o modelo antigo, aí ficamos felizes e estão de parabéns. O problema é se quiserem mudar detalhes, mexer na parte da frente, aí não vai ser legal porque não é o antigo, se torna algo novo', defende Nilson.
Com seu carro amarelo há quase três décadas, o campo-grandense viaja pelo Estado e garante que nunca ficou na mão. A questão é que, devido à necessidade de manutenções, o proprietário aprendeu a resolver tudo por conta própria.
Apesar dos 27 anos parecerem um longo tempo, o amor de Nilson pelo modelo começou dez anos após o veículo ser lançado. “Quando eu tinha 10 anos, vi um Opala quatro portas e pensei que quando crescesse ia querer um. Foi por isso que comprei o meu quando fiquei adulto'.
Sobre a possibilidade dos carros voltarem após uma reforçada da Chevrolet, Nilson diz que fica na curiosidade, já que o seu veículo é completo. Tão completo que ele viaja pelo Estado com seu Opala já pronto para resolver qualquer situação.
“Antes de viajar, eu confiro os parafusos, dou uma geral e vou tranquilo porque onde esses carros novos vão, o antigo vai melhor ainda. E no meu caso, eu fiz uma carretinha que tem fogão, geladeira pequena e banheiro, então temos tudo ali'.
Sem estar trabalhando no ramo dos veículos, Nilson diz que tudo é questão de gosto e, por isso, ele mesmo transformou um pedaço de uma Caravan na carretinha.
Falando em Caravan, Marcos Ferreira tem uma de 1976 e, no seu caso, a animação com o anúncio não foi tão grande. Para ele, a notícia traz mais receios do que pensamentos positivos.
“Eu acho que já não tem mais como fazer esses carros como eram antigamente, o que já foi ficou no passado. Nós temos os nossos, mas dependendo de como façam, fica diferente e aí vão estragar ao invés de melhorar', explica Marcos.
Há três anos com seu veículo, ele também tomou gosto pelos carros antigos na infância e, desde então, colocou na cabeça que teria um modo vintage quando conseguisse.
Já saindo da Chevrolet, Eduardo Mendonça é apaixonado por Fuscas, mas se interessou pela possibilidade das montadoras trazerem de volta veículos que marcaram época. Presidente da confraria Apaixonados por Fuscas, ele conta que todo movimento envolvendo os modelos antigos é visto com bons olhos.
Mas isso, é claro, se esse movimento é benéfico e preserva a memória. “Minha história com Fusca vem desde criança porque meu pai tinha um e outros familiares também, então eu vivia andando neles. Em 2011, conheci um fórum relacionado e, a partir dessas informações, nos organizamos e começamos a reunir quinzenalmente na Afonso Pena', conta sobre sua relação com os carros antigos.
Além dos Fuscas, outros modelos também passaram a integrar o movimento e, hoje, as reuniões continuam acontecendo, a exemplo da realizada neste sábado (8), no Shopping Norte Sul Plaza.
“Agora, com essa notícia da Chevrolet a gente fica animado e torcendo para que as outras marcas também se inspirem e tragam de volta modelos antigos', completa.
Em todos os casos, os três apaixonados por carros antigos não deixam de lado a parte de manutenção dos veículos, explicando que realmente dá trabalho. A questão é que isso não é impeditivo.
Realizada neste sábado (8), a enquete do Campo Grande News sobre as pessoas comprarem um veículo do tipo, mesmo considerando a manutenção, indicou que 40% estão do lado dos entrevistados e também não ligariam para esse ponto. Já 50% disseram que não adquiririam um carro antigo e 7% ficaram em dúvida.