Torturada, estuprada: Jurados terão de ter ‘estômago’ para fotos e relatos do que aconteceu com criança
Julgamento terá reforço policial nos dois dias
| MIDIAMAX/THATIANA MELO
Sophia OCampo tinha apenas 2 anos quando morreu em janeiro de 2023, em Campo Grande. A criança que já chegou morta à unidade de saúde teria agonizado por horas até ser levada pela mãe, Stephanie de Jesus da Silva, a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Mãe e padrasto de Sophia serão julgados pelo crime nesta quarta-feira (4) e quinta-feira (5).
Nestes dois dias de julgamentos, os jurados terão de ter ‘estômago’ para ver fotos, vídeos e ouvir os relatos do que aconteceu com a menina.
Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.
Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas pelo Gaeco demonstram o contrário.
Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.', dizia uma das mensagens trocadas.
Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais'.
No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando.
A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima', diz parte da análise.
Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada'.
A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.
Confira como será cada dia de júri dos acusados pela morte de Sophia. No dia 4- quarta-feira – o julgamento começará às 8 horas da manhã, com duas testemunhas do MPMS (Ministério Público Estadual) – com testemunhas de acusação e cinco testemunhas de defesa de Stephanie.
Já às 13 horas serão ouvidas cinco testemunhas de defesa de Christian. Após a oitiva de todas as testemunhas será realizado o interrogatório dos réus, mesmo que ainda que termine à noite, segundo informações passadas ao Midiamax.
Dia 5 – quinta-feira: O julgamento começará às 8 horas da manhã, onde serão realizados os debates de acusação e defesa que deverão ocupar o dia todo, seguido da votação dos quesitos e sentença.