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Com oferta reduzida em maio, preço do leite ao produtor valoriza 7,5% em MS

Pela análise, a maior dificuldade do produtor ainda ainda continua sendo os altos custos com a alimentação animal

| JOSé ROBERTO DOS SANTOS/CAMPO GRANDE NEWS


Operários em indústria trabalham na produção de lácteos; captação do leite em MS caiu quase 9%. (Foto: Arquivo/Embrapa)

O preço do litro do leite pago ao produtor em maio deste ano, em relação a abril, valorizou 7,48%. A justificativa para isso é a redução da oferta diante da aproximação do inverno, período que marca a entressafra do produto. Em abril o Mato Grosso do Sul captou 14,7 milhões de litros de leite inspecionado. Em maio, esse volume caiu 8,83% e fechou em 13,42 milhões de litros.

Em abril o produtor sul-mato-rossense recebeu em média R$ 2,31 pelo leite, em maio esse valor foi para R$ 2,48. A análise é do Boletim Casa Rural - Bovinocultura de Leite, edição de junho, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS).

Pela análise, a maior dificuldade do produtor ainda ainda continua sendo os altos custos com a alimentação animal. Em maio o preço médio do farelo (mistura de soja e milho) valorizou 49%. Apesar disso, em um ano a quantidade de leite necessária para adquirir a mistura diminuiu em 5,7 litros.

Leite do Cepea

O preço do leite captado em maio subiu pelo sétimo mês consecutivo e registrou elevação de 9,8% frente ao de abril, chegando a R$ 2,7114/litro na “Média Brasil” do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Desde janeiro, o valor do leite pago ao produtor acumula avanço real de 30,4% (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio). Ainda assim, o preço médio de maio ficou 4,82% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, em termos reais.

Segundo o centro de estudos, e boletim divulgado, o movimento de alta se explica pela redução da produção no campo. O Índice de Captação Leiteira do Cepea teve pequena reação de 0,14% de abril para maio, mas acumula baixa de 7,7% na parcial deste ano.

Além dos menores investimentos dentro da porteira no final de 2023, o avanço da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e o atraso da safra no Sul limitam a oferta do leite cru. Consequentemente, a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima sustentou a valorização do leite. Vale também ressaltar que os impactos negativos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre a produção de lácteos gaúcha e o aumento pontual da demanda devido aos donativos no estado criaram especulação e elevaram as incertezas, dificultando o dimensionamento do mercado em maio.

Em junho, os preços dos lácteos avançaram até a segunda quinzena do mês – o que deve manter a média mensal ainda em alta frente ao mês anterior. Porém, nas duas últimas semanas de junho, as cotações retornaram ao patamar do início de maio, devido ao enfraquecimento do consumo e à pressão exercida pelos canais de distribuição.

Outros fatores reforçam a perspectiva de que o movimento altista deve perder força em junho e, até mesmo, se inverter a partir de julho, como o incremento da margem do produtor nestes últimos meses, que tende a favorecer a recuperação da produção nacional de leite cru, ainda de forma lenta. 


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