PUBLICIDADE

PCC tem quase mil 'soldados' do outro lado da fronteira com MS

Levantamento do Ministério Público de São Paulo identificou que facção se espalhou pelo mundo

| CORREIO DO ESTADO / DAIANY ALBUQUERQUE


PCC tem quase mil "soldados" do outro lado da fronteira de MS - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Paraguai e Bolívia, dois países que fazem fronteira seca com Mato Grosso do Sul, são a morada da maior “colônia” de integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) fora do País. Boa parte desses “soldados”, como são chamados os membros da organização, estão localizados na região fronteiriça de MS.

De acordo com levantamento feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), ao qual o Correio do Estado teve acesso, a facção criminosa, que surgiu em São Paulo e tem Mato Grosso do Sul como uma importante rota para transportar drogas e armas, tem no Paraguai um importante país para desenvolver seus negócios.

Conforme a pesquisa, são 699 integrantes do PCC em território paraguaio. Desses, 341 estão presos, mas 358 estão soltos. Os dados foram obtidos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) paulista e apresentados no seminário internacional Crime Organizado e Mercados Ilícitos no Brasil e na América Latina.

Já na Bolívia, país que também faz fronteira seca com Mato Grosso do Sul, são 146 homens, 75 presos e 71 soltos. O país é o terceiro com mais “soldados” da facção fora do Brasil, atrás apenas de Paraguai e Venezuela (com 656 membros).

No caso do Paraguai, a entrada e saída desses homens está dividida entre Mato Grosso do Sul e Paraná, já que ambos fazem fronteira com o país vizinho. Porém, em relação à Bolívia, a maior parte se refere a MS, já que em Mato Grosso, que também faz fronteira com o país, a ocupação do PCC é menor, sendo um estado dominado pelo Comando Vermelho.

Dados obtidos pela Folha de S. Paulo mostram que, em Mato Grosso do Sul, segundo levantamento do MPSP, existem de 500 a mil homens do PCC. 

Em 2019, o Gaeco de Mato Grosso do Sul identificou a existência de 48 líderes da facção atuando em diversas células no Estado, entre presos e soltos. 

PCC NO MUNDO

Segundo o levantamento do MPSP, fora do Brasil, o PCC tem mais de 2 mil “soldados” distribuídos em 28 países. Além das três nações citadas acima, a organização criminosa também tem membros nas seguintes localidades: Alemanha, Argentina, Bélgica, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Guiana Francesa, Guiana, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão, Líbano, México, Peru, Portugal, Sérvia, Suíça, Suriname, Turquia e Uruguai.

À Folha de S. Paulo, o promotor Lincoln Gakiya, coordenador do Gaeco de São Paulo, explicou que a lista de países onde há membros da facção foi obtida a partir da interceptação de mensagens de seus membros.  Gakiya ainda informou à reportagem que os próprios criminosos fazem uma espécie de censo, para saber quantos e onde estão os representantes da organização fora do Brasil.

REPRESSÃO EM MS

Um exemplo da globalização do PCC, saindo da fronteira de Mato Grosso do Sul, foi a atuação da Polícia Federal, por meio da Operação Blacklist, deflagrada em maio deste ano, que desvendou esquema da facção criminosa para exportar cocaína da fronteira do Estado com o Paraguai para países da Europa, tendo como um dos destinos Paris, capital da França.

Matéria do Correio do Estado de maio deste ano trouxe que a Polícia Federal identificou que membros do PCC na fronteira de MS com o Paraguai traziam drogas e armas de fogo que eram levadas para o estado de São Paulo, de onde parte da cocaína era encaminhada para a Europa.


PUBLICIDADE
PUBLICIDADE