A reunião entre o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e os líderes do PSDB em Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e Reinaldo Azambuja, teve como um dos pontos discutidos a próxima eleição para o Senado.

Reinaldo tem interesse em disputar o cargo e o PSD tem Nelsinho Trad como representante em Brasília. Uma eventual incorporação, que está perto de acontecer, impediria que Nelsinho e Reinaldo concorressem, já que é permitido apenas um candidato ao Senado.

Nesta articulação, as siglas teriam uma saída, que passaria pelo Partido Liberal (PL). No ano passado, ao convencer Jair Bolsonaro (PL) a apoiar Beto Pereira (PSDB) na Capital, Reinaldo Azambuja fez o compromisso de assumir o PL em Mato Grosso do Sul. Seguindo esse acordo, Reinaldo poderia se mudar para o PL, onde seria o candidato.

E o PL?

O plano pode ter como barreira o anúncio feito por Bolsonaro, de que o PL terá uma mulher candidata em Mato Grosso do Sul. Embora não tenha declarado nome, Bolsonaro trabalha com a possibilidade de lançar a candidatura de Gianni Nogueira (PL) para o Senado.

Reinaldo ainda estuda se a filiação ao PL seria o melhor caminho, já que teria menos trabalho se ficar na incorporação PSD/PSDB, já que o PSD quase não existe em Mato Grosso do Sul. Já no PL, há uma parte que não vê com bons olhos essa união com Reinaldo Azambuja.

Até o primeiro semestre do ano passado, o PL era presidido no Estado pelo deputado federal Marcos Pollon, que inclusive denominava o PSDB como adversário e um partido de esquerda. Isso fez a base do partido, em boa parte do Estado, ser formada por pessoas que não aceitam essa união, o que pode dificultar a vida de Reinaldo e provocar uma debandada.

A polêmica deve sobrar para Bolsonaro, que não se importou com a resistência de lideranças do PL ao se juntar com o PSDB e ignorar lideranças do partido que gostariam de disputar a eleição. Também pesará na decisão a proximidade de Reinaldo com o senador Rogério Marinho, articulador político do PL, que vêm grande chance de o ex-governador ser eleito para o Senado, reforçando a bancada da direita.

Nelsinho nega

O senador Nelsinho Trad afirmou que não participou da conversa de Kassab com Reinaldo e Riedel porque essas articulações estão sendo feitas exclusivamente por Kassab com os governadores de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Indagado sobre essa impossibilidade de ele e Reinaldo concorrerem ao Senado, em caso de união das siglas, ele disse que “não é o momento disso estar em pauta na mesa'.

A parceria entre Reinaldo e Nelsinho se intensificou em 2014, quando Nelsinho apoiou Reinaldo no segundo turno, após perder a eleição no primeiro. Na eleição de 2018, os dois fizeram uma dobradinha, com Reinaldo para reeleição ao governo e Nelsinho senador.

Nelsinho já foi convidado para se filiar ao PL antes da eleição no ano passado, mas disse que ficaria no PSD para comandar o processo eleitoral na eleição de prefeitos e vereadores.