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Exportação de industrializados cresce 20% e a de matéria-prima cai 28%

Contraste entre setores tem condições climáticas desfavoráveis apontadas como principal motivo

| CORREIO DO ESTADO/EVELYN THAMARIS


celulose representa 22,7% do total da pauta de exportações do Estado, ficando somente atrás da soja - Paulo Ribas/Correio do Estado

A exportação de produtos industrializados registrou um crescimento de 20% em Mato Grosso do Sul, enquanto a venda de matéria-prima teve uma queda de 28%, conforme aponta a Carta de Conjuntura do Setor Externo, elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

Esse contraste entre os setores é atribuído, segundo analistas, às condições climáticas desfavoráveis que impactaram a agricultura, refletindo, assim, em uma mudança na balança comercial.

Conforme os dados, em setembro a indústria de transformação se destacou pela melhora em seu desempenho na comparação com o mês anterior, momento em que o volume das exportações se elevou em 5,5%. Em contrapartida, a agropecuária teve uma retração de 22,9% no volume exportado – uma redução na atividade.

Os principais produtos da indústria de transformação incluem celulose – que se destaca pelo crescimento de 62,8% –, minério de ferro, gorduras e óleos vegetais, entre outros. 

No setor agropecuário estão a soja, que ainda é uma commodity de maior representatividade nas exportações, seguida pela carne bovina fresca, pelas carnes de aves, pelo milho, etc.

Para o consultor em comércio exterior Aldo Barrigosse, o contraste ocorre de um lado em função das inovações tecnológicas e do aumento na demanda global por produtos como celulose e carnes, no âmbito da indústria de transformação, enquanto do outro lado a agricultura sofre com a falta de chuvas.

“O setor agropecuário, principalmente a soja, enfrentou queda significativa em volume e valor, impactado por condições climáticas desfavoráveis e pela concorrência internacional. Principal compradora de commodities do Estado, a China reduziu suas compras globais por conta do baixo desempenho de sua economia, o que acentuou os desafios para o setor”, analisa.

Já o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) Staney Barbosa Melo reitera que o setor agropecuário tem passado por um período de preços baixos e poucas margens nas atividades.

“Apesar de alguns setores mostrarem um bom desempenho em termos de volume, quando se olha para o montante financeiro gerado, os resultados apresentam retração – e isso é uma realidade nacional, mas também é a realidade de MS”, afirma.

Por sua vez, Barrigosse destaca a questão logística do minério de ferro, que foi severamente afetada pela seca, dificultando o escoamento pelo Rio Paraguai. “A recuperação econômica global e as variações nas taxas de câmbio também desempenharam papéis cruciais nesse contexto”, diz.

Já Melo frisa que o momento é de juros altos e pouco retorno para as atividades agropecuárias. “Em alguns setores, como o de carne bovina, só agora os preços começaram a reagir. Outro ponto a se destacar é o impacto do clima em nossa safra, especialmente em MS, que foi um dos estados mais afetados pelos ciclos de El Niño e La Niña ocorridos nos últimos dois anos. Tudo isso impactou o desempenho do setor agropecuário”, relata.

Exportações

Mato Grosso do Sul apresentou queda nas exportações no período de janeiro a setembro. Foram US$ 7,787 bilhões vendidos ao exterior em nove meses, ante os US$ 8,270 bilhões no mesmo período de 2023 – uma queda de 5,8%. O volume exportado teve um declínio ainda mais expressivo, de 18,79%, sendo 16,973 milhões de toneladas atuais contra as 20,900 milhões de toneladas exportadas em 2023.

Conforme a Semadesc, produtos como carnes (31,8%), açúcares (7,7%) e celulose (62,8%) tiveram um aumento, enquanto a soja (-22,2%), o farelo de soja (-7,7) e o minério de ferro (-20,2%) apresentaram retração.

A soja permanece como o principal produto da pauta de exportações do Estado, com 34,8% do total exportado. Contudo, no comparativo anual, a oleaginosa apresenta queda tanto no volume enviado ao exterior quanto em valores negociados. Em 2023, foram US$ 3,484 bilhões negociados de janeiro a setembro, com um volume de 6,763 milhões de toneladas. 

No mesmo período deste ano, foram 6,250 milhões de toneladas exportadas e US$ 2,7140 bilhões recebidos.O segundo produto da pauta foi a celulose, com 22,07% de participação. O item apresentou um aumento no volume comercializado e no valor negociado: subiu de 3,061 milhões de toneladas exportadas em 2023 para 3,135 milhões de toneladas atualmente.

Já o minério de ferro recuou: enquanto em 2023 foram enviadas 5,277 milhões de toneladas (ou US$ 274 milhões) ao mercado externo, de janeiro a setembro deste ano foram 3,132 milhões de toneladas comercializadas (ou US$ 218 milhões).


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