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Expectativa de nova fábrica de celulose derruba em 5,5% o eucalipto em MS

Nos primeiros oito meses de 2024, a China foi o destino de quase a metade dos produtos florestais de Mato Grosso do Sul

| JOSé ROBERTO DOS SANTOS / CAMPO GRANDE NEWS


Plantação de eucalipto da indústria Eldorado, em Três Lagoas. MS avança e ocupa 1,5 milhão de hectares com a madeira. (Foto: Divulgação/Reflore-MS)

O preço médio da madeira de eucalipto clonal, comercializada na modalidade árvore em pé com casca, tendo como base a região de Campo Grande a Três Lagoas, fechou o mês de agosto de 2024 em R$ 137,12 o metro cúbico, apresentando uma retração de quase 5,5% em relação ao preço médio de maio do mesmo ano. A informação é do Boletim Casa Rural-Florestas Plantadas, elaborada pelo Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), que acaba de ser divulgado.

Aparentemente, segundo avaliação do boletim, parece haver uma acomodação no mercado de madeira de eucalipto em vista do recente anúncio de uma nova fábrica de celulose em Água Clara (MS), a Bracell, o que pode influenciar no preço da madeira nos próximos meses. O boletim realiza o levantamento a cada três meses.

Na semana passada, o governo do Estado entregou o termo de referência para que a Bracell realize o EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório Impacto do Meio Ambiente) da obra da fábrica de celulose que será construída no município de Água Clara, com investimentos de R$ 25 bilhões e capacidade produtiva de 2,8 milhões de toneladas de celulose.

Preço da celulose caiu na China

Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (7) pelo jornal Valor Econômico, a oferta adicional de celulose de fibra curta (BHKP) no mercado global, vinda sobretudo da nova fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS), pressionou os preços da matéria-prima e levou a uma desvalorização de cerca de 25% em menos de três meses na China, maior compradora da commodity.

Embora analistas e indústria avaliem que a correção pode ter chegado ao fim, com a recente estabilização da cotação em US$ 560 por tonelada no mercado chinês – contra os US$ 740 por tonelada alcançados em meados de julho – a postura ainda é de cautela.

Exportações florestais de MS    

De acordo com o boletim Casa Rural-Florestas Plantadas, considerando o faturamento, a celulose continuou sendo o produto florestal mais exportado por Mato Grosso do Sul nos oito meses de 2024, com participação de 98,58%. O segundo lugar ficou para papel com 1,31% e madeira com 0,11%. O total das exportações florestais chegou a US$ 1,485 bilhão, valor 52,5% maior que os US$ 973,8 milhões exportados no mesmo período do ano anterior, porém com um volume 1,3% menor.

Nos primeiros oito meses de 2024, a China foi o destino de quase a metade dos produtos florestais de Mato Grosso do Sul. O país asiático teve uma participação de 49,1% do faturamento para um volume superior a 1,36 milhão de toneladas. O segundo posto foi ocupado pela Itália com participação de 10,8%, seguido pelos Países Baixos com 9,0%. Nesses primeiros oito meses do ano, os produtos florestais locais foram exportados para 47 países, gerando uma receita de US$ 1,485 bilhão para um volume exportado de 2,7 milhões de toneladas.

Florestas plantadas crescem 15% em 2023

O MS registrou um aumento de 15% em sua área de florestas plantadas em relação ao ano de 2023, maior crescimento do Brasil. Com seis plantas de celulose confirmadas em investimentos de R$ 75 bilhões, o Estado tem atualmente a segunda maior área de florestas plantadas do País, com 1,5 milhão de hectares, sendo 98% dessa área destinada ao cultivo de eucalipto, utilizado principalmente pela indústria de papel e celulose, que tem forte presença no Estado. Só a Eldorado, indústria situada em Três Lagoas, tem 285 mil hectares de eucalipto plantados.

As informações são do Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio), que monitora e acompanha o crescimento do setor no Estado. Os dados foram apresentados pelo secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação) em palestra realizada na quarta-feira, 2, no 56° Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel da ABTCP que aconteceu em São Paulo.

“Tivemos um aumento de praticamente 275 mil hectares de florestas plantadas no último ano. Quem está na ponta entende o que isso representa para o setor. A movimentação econômica muda, toda a estrutura para comportar uma área deste tamanho se altera', informou o secretário no evento, por meio de nota à imprensa.

Principais destinos dos produtos florestais de MS | janeiro a agosto de 2024; veja abaixo


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