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Ministério descarta aprofundar Rio Paraguai para transporte de grandes cargas

Atualmente, a hidrovia do Rio Paraguai movimenta cerca de 8 milhões de toneladas de carga anualmente, das quais 75% são compostas por minério de ferro e 20% por soja

| JHEFFERSON GAMARRA / CAMPO GRANDE NEWS


Embarcação navegando pelo Rio Paraguai no Tramo Norte (Foto: Divulgação/Governo Mato Grosso do Sul)

O Ministério de Portos e Aeroportos descartou a possibilidade de dragagem para aprofundamento do Tramo Norte do Rio Paraguai, entre Corumbá (MS) e Cáceres (MT), durante reunião com pesquisadores especializados no Pantanal. A decisão tranquiliza ambientalistas que temiam danos ao bioma.

Dino Antunes, secretário de Hidrovias, afirmou que o trecho continuará sendo utilizado apenas por embarcações de pequeno e médio porte, sem impacto significativo à planície de alagamento e que não envolvem o transporte de grandes quantidades de carga. O tramo Norte, que compreende um trecho de 680 quilômetros possui diversas ilhas fluviais e excesso de sinuosidade, com uma profundidade que varia entre 1,80 e 3 metros.

“Estamos falando de um sistema de transporte altamente sustentável. Não faz sentido bloquear qualquer solução de hidrovia sem o conhecimento dos projetos e de seus impactos ambientais', afirmou o secretário de Hidrovias, que pretende realizar reuniões periódicas com o grupo.

Atualmente, a hidrovia do Rio Paraguai movimenta cerca de 8 milhões de toneladas de carga anualmente, das quais 75% são compostas por minério de ferro e 20% por soja. Se esse volume fosse transportado por rodovias, seriam necessárias aproximadamente 200 mil viagens de caminhão, percorrendo até 1.500 quilômetros até o porto mais próximo.

A preocupação dos pesquisadores, manifestada na Carta Aberta enviada no final de agosto e que motivou a reunião com o MPor, era de que dragagens mais agressivas no Tramo Norte poderiam representar sérios riscos ecológicos. A área é considerada o 'coração do Pantanal', por abrigar importantes amostras da biodiversidade e paisagens únicas do bioma, protegidas em unidades de conservação como a Estação Ecológica Taiamã e o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense.

Estiveram presentes na reunião a diretora de Sustentabilidade do Ministério dos Portos e Aeroportos, Larissa Amorim, e a pesquisadora da Embrapa, Débora Fernandes Calheiros, que atua como assessora do Ministério Público Federal em Corumbá e é uma das signatárias da Carta Aberta enviada aos governos federal e dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Para a pesquisado, o projeto no Tramo Sul, que abrange cerca de 600 quilômetros entre Corumbá e a foz do Rio Apa, na fronteira com o Paraguai, não gera grandes preocupações, já que essa área é naturalmente navegável por grandes comboios comerciais. Nesse trecho, com profundidade entre 3 e 3,20 metros, a navegação de comboios de até 290 metros de comprimento, 48 metros de largura e calado de 2,7 metros, com capacidade para transportar 24 mil toneladas, é viável. Apenas a dragagem de manutenção é necessária para garantir a navegabilidade segura ao longo do ano, minimizando assim os riscos ambientais provenientes de incidentes durante a navegação.


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