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Em expansão, setor da celulose prevê mais de R$ 75 bilhões de investimentos em MS

Em todo o País R$ 105 bilhões estão contratados para os próximos três anos; montante injetado no Estado representa 75% do total

| CORREIO DO ESTADO / SúZAN BENITES


Mato Grosso do Sul é a segunda maior área de florestas plantadas do País, atualmente o total é de 1,480 milhão de hectares plantados - Foto: Paulo Ribas

Mais de 70% dos R$ 105 bilhões de investimentos previstos no setor de celulose para todo o Brasil, serão realizados em território sul-mato-grossense. Os dados foram divulgados pelo presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que apontou que são quase R$ 75 bilhões de investimentos para os próximos três anos em Mato Grosso do Sul. 

A declaração foi feita pelo presidente da associação que representa o setor, Paulo Hartung, durante o 56ª Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel da ABTCP, que ocorre em São Paulo. 

“Estivemos com o presidente da República, Lula, com o vice-presidente [Geraldo Alckmin], com um conjunto de ministros, e nós levamos para o presidente o número de investimento do setor nos próximos três anos. A carteira de investimento do setor é uma das maiores carteiras de investimento do setor privado brasileiro. São R$ 105 bilhões contratados para ser investido no nosso País. 105 bilhões. Dos quais mais de R$ 70 bilhões são em Mato Grosso do Sul”, anunciou Hartung.

A solenidade de abertura do evento contou com palestra do governador Eduardo Riedel (PSDB). O chefe do executivo estadual frisou que protagonismo só é possível por causa do ambiente de negócios favorável, “à desburocratização e à conectividade implementados pelo Governo do Estado”.

“É um setor que tem ajudado a transformar Mato Grosso do Sul. Da nossa parte vamos criar um ambiente de negócios que fique cada vez mais atrativo para setores em que somos competitivos, e a celulose é sem dúvida uma das estrelas deste processo. O setor investe R$ 75 bilhões no Estado”, destacou Riedel.

A Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) representa Mato Grosso do Sul com um estande na feira. O titular da Semadesc, Jaime Verruck, destacou o reconhecimento nacional e internacional de MS como “Vale da Celulose”.  

“Não é só o volume de investimentos, mas toda a política que está sendo desenvolvida. O governo do Estado olha para esse setor como um fator estruturante de crescimento. E aqui percebemos hoje o reconhecimento disso. Hoje eu acho que é um atingimento de um objetivo do Estado ser reconhecido um Estado com ambiente de negócio favorável, pró empreendedor e olhando o desenvolvimento público e privado”, avalia Verruck. Hartung ainda ressaltou que o relatório do Ibá destaca que, dos 280 mil hectares que o setor florestal ganhou em 2023, 228 mil hectares foram do Estado. 

Mato Grosso do Sul é a segunda maior área de florestas plantadas do País. Dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga MS), apontam que o total chegou a 1,480 milhão neste ano. Esse número representa crescimento em relação ao ano de 2023, e 98% dessa área é destinada ao cultivo de eucalipto, utilizado principalmente pela indústria de papel e celulose, que tem forte presença no Estado. Conforme publicado pelo Correio do Estado em julho, o número que deve chegar a 2,5 milhões de hectares nos próximos anos.   

INVESTIMENTOS

Atualmente, o Mato Grosso do Sul possui uma capacidade instalada de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose, produzidas em três linhas operacionais no município de Três Lagoas, sendo duas da Suzano e uma da Eldorado. 

A capacidade produtiva do Estado foi ampliada em mais 2,55 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, elevando para 7,4 milhões de toneladas anuais a capacidade instalada.

A reportagem do Correio do Estado adiantou na semana passada que a Arauco anunciou expansão da capacidade de produção e deve se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. 

A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano. 

O conselho de administração da Arauco aprovou investimento global de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para a construção da unidade em Inocência, a primeira planta do grupo no Brasil. 

Outro investimento que pode chegar à MS é da Bracell, o grupo indonésio é um dos principais produtores de celulose solúvel do mundo e anunciou o interesse de construir uma nova fábrica em Mato Grosso do Sul, com investimentos previstos de R$ 25 bilhões. 

O Governo do Estado entregou ontem o termo de referência para que Bracell realize o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório Impacto do Meio Ambiente (EIA/Rima) da obra da fábrica de celulose que será construída no município de Água Clara.  Conforme já publicado pelo Correio do Estado, estão planejadas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose, em Três Lagoas (com uma capacidade prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano), e da Arauco, em Inocência (2,5 milhões de toneladas anuais).

A reportagem também informou, na edição de 4 de maio, que os municípios de Figueirão e Alcinópolis são apontados como possíveis locais para a instalação de uma nova indústria de celulose em Mato Grosso do Sul. 

Atraída pelos incentivos fiscais, localização estratégica e ambiente favorável, a implementação de um novo megaempreendimento fortalecerá ainda mais o Vale da Celulose no Estado.

Embora ainda não tenha sido confirmada, a nova unidade seria resultado de negociações com a multinacional Portucel Moçambique, empresa controlada pela portuguesa The Navigator Company. Outra possível nova fábrica é da Bracell, planejada para a região de Água Clara.

O economista Eduardo Matos avalia que a instalação de novas fábricas de celulose promove o desenvolvimento em todo o Estado. “É importante citar que, quando uma grande indústria se instala em um local, antes mesmo do início de suas operações, ela atrai uma série de outros empreendimentos, pois haverá um aumento no fluxo monetário. Isso cria oportunidades para diversas empresas. Dessa forma, fortalece-se o fluxo circular da renda”, acrescenta o economista.  


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