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Baião de dois, saiba como preparar

A base do baião de dois, arroz e feijão-de-corda, é um reflexo dessa necessidade. O feijão-de-corda, resistente às condições áridas, era uma das poucas leguminosas que prosperavam na região

| CORREIO DO ESTADO / DA REDAçãO


Baião de dois - Foto: Divulgação

O baião de dois é um prato icônico da culinária nordestina, uma combinação simples e saborosa de arroz e feijão, que traz em cada garfada a essência da cultura sertaneja. Esse prato tem suas raízes fincadas na história do Nordeste e é muito mais do que uma simples refeição: é uma celebração da resistência, da criatividade e da tradição de um povo.

O prato surgiu no sertão nordestino, uma região caracterizada pelo clima árido e pela escassez de recursos. Na época colonial, os trabalhadores rurais e vaqueiros precisavam de refeições que fossem ao mesmo tempo nutritivas e práticas, aproveitando ao máximo os ingredientes disponíveis.

A base do baião de dois, arroz e feijão-de-corda, é um reflexo dessa necessidade. O feijão-de-corda, resistente às condições áridas, era uma das poucas leguminosas que prosperavam na região. O arroz, introduzido pelos colonizadores portugueses, complementava o feijão, formando uma refeição balanceada e energética.

EVOLUÇÃO DO PRATO

Ao longo dos anos, o baião de dois foi ganhando variações e incorporando novos ingredientes, como carne-seca, linguiça, bacon e queijo coalho, cada um trazendo um toque especial ao prato. Essas adições enriqueceram ainda mais o sabor e a textura, transformando o baião de dois em uma refeição completa.

A origem do nome está ligada ao ritmo musical baião, popularizado pelo cantor e compositor Luiz Gonzaga, também conhecido como o Rei do Baião. A música de Luiz Gonzaga, assim como o prato, é uma expressão autêntica do Nordeste, celebrando suas paisagens, suas histórias e seus modos de vida.

SIGNIFICADO CULTURAL

O baião de dois não é apenas uma receita, é um símbolo da cultura nordestina. Cada ingrediente e cada etapa de seu preparo carregam histórias de resistência e de adaptação. O prato é uma prova da criatividade dos nordestinos, que transformam a adversidade em algo saboroso e nutritivo.

No sertão, o baião de dois é muitas vezes preparado em grandes quantidades, em panelas de barro ou de ferro, em fogões a lenha. É comum em festas de família, celebrações comunitárias e até nas festividades juninas, quando é servido acompanhado de outras iguarias típicas, como carne de sol, farofa e paçoca de carne.

VARIAÇÃO E DICAS

O baião de dois é um prato versátil e aberto a variações. Algumas regiões e famílias adicionam ingredientes como queijo coalho grelhado, que traz uma textura cremosa e um sabor adicional. Outras preferem uma versão mais simples, apenas com arroz e feijão, para realçar o sabor dos ingredientes principais.

No Ceará, o baião de dois é feito com feijão-verde e é geralmente acompanhado por carne de sol, queijo coalho e nata. É um prato presente em muitos restaurantes e lares cearenses.

Em Pernambuco, a receita pode incluir feijão-macassar (feijão-de-corda), carne de charque e às vezes um toque de coco, refletindo a influência costeira da região.

Já no Piauí e no Maranhão é comum adicionar linguiça, bacon e às vezes até peixe seco ao baião de dois, criando uma variação única que destaca a diversidade culinária local.

Para uma versão mais cremosa, você pode adicionar um pouco de nata ou de requeijão no fim do cozimento. Isso dá ao prato uma consistência mais rica e aveludada.


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